sábado, 27 de outubro de 2007

E para a sobremesa… cérebro de macaco fresco.

Mas a variedade atinge seu ponto mínimo quando falamos de restaurantes. Estes sim, utilizam toda a capacidade criativa dos ribeirinhos do Alto do Solimões. Os pratos extremamente exóticos. Todos levando em base os peixes da região: Pirarucu, Tacunaré e Linguado... mas hoje só temos o Pirarucu.

Logicamente, você que já leu estes relatos, sabe que se for procurar outro peixe no restaurante da outra esquina não vai achar. O Rio é o mesmo, sempre o Solimões. Se só tem Pirarucu no Rio Solimões, só tem Pirarucu no restaurante. Sempre bem temperado com coentro, o tempero regional mais usado pelos Chefs da Amazônia Ocidental.



Na falta de peixe os colombianos comem o aperitivo mais desejado no Alto do Solimões. Assim como os franceses, os colombianos sabe almoçar pequenas porções de puro extase para o paladar. O prato é conhecido como Turu. Não é necessário temperos, pratos ou talheres. Basta pegar tudo com a mão e fazer como Ozzy fez com o morcego, só que com o corpo para dentro da boca.



Há dois restaurantes “luxuosos” na clareira em que vivemos. Os dois existem por causa dos hotéis que os hospedam. O Decameron e o Anaconda. Cada um tem sua peculiaridade, cada um com suar surpresas.

Nos dias que vamos jantar no Decameron contamos com a sorte. As vezes ele abre para o público, as vezes não. Acho que é o ciclo menstrual do Chef que manda. Já fomos barrados na porta no domingo, na segunda, no sábado, tanto faz o dia. Então quando perguntamos aos funcionários “por que é que não estão servindo o público que não está hospedado?” eles respondem em bom e velho ticunêz: “ãhã...”

Então, começamos a comer no outro hotel, o Anaconda, já que era outro restaurante bem conceituado. Assim como o conceito de beleza e de cidade são relativos, o conceito do restaurante também é. Ao chegar no restaurante e descobrir que eles estavam servindo pessoas que não estavam hospedadas, solicitamos o cardápio. Pedi um prato em que vinha vários vegetais cozidos com especiarias e mel, pelo menos era o que estava escrito no cardápio. Após 50 minutos vem o prato, que estava delicioso, era realmente exótico, nunca tinha comido algo igual. Bravo ao Chef do Anaconda! Três dias depois resolvemos voltar ao restaurante, já que o prato era bom. Pedi a mesma coisa. Então vieram quatro brócolis tostados , sem mel e com coentro. Tão apetitoso quanto um punhado de pedras quentes. Isso aconteceu com todos da mesa. Ao falar com o garçom ele passou o recado para o Chef que, depois de muito reclamarmos, veio nos visitar na nossa mesa. Ele disse que o meu prato estava correto, era aquele mesmo. Mesmo eu mostrando o cardápio com outros legumes e ingredientes, até o mel ele só respondia da melhor forma ticuna: “ãhã”. Quando pedi para tirar foto do cardápio, para colocar o prato que havia pedido no blog responderam de outra forma ticuna: nana...

Pelo menos este é o máximo que me aconteceu. Outras pessoas já foram mais surpreendidas. Ao pedir uma lasanha outro Aspira se assustou quando a garçonete derrubou um quarto da lasanha na mesa. Ele a avisou, pois parecia não ter visto a sujeira. Ela, muito sabiamente, juntou tudo com as mão, colocou de volta no prato dele e saiu com o espírito de dever cumprido.

3 comentários:

Fecamara disse...

e a enquete?

Unknown disse...

Esses dias li no jornal que o ministro da defesa estava pedindo mais verbas para equipar o exército. Na hora eu pensei: "que bom! Eles vão poder comprar um modem monkey-proof!"
E não é que aconteceu isso mesmo?

Interessante esse elemento surpresa da culinária local. Mas acho que discutir com os "chefs"/garçons (??) do único restaurante num raio de 500km não é uma boa idéia... Principalmente se o chef sofre de tpm

ps. No mundo de hoje, quem fala uma língua só está perdido. Estudem o ticunêz e todas as suas variações fonéticas e metafônicas.

ps1. essa desculpa de estratégia de marketing não cola mais...

Joana disse...

pois é, o dinheiro para o modem nao veio ainda, entao a gente teve que "importar legalmente" um da colombia (sabe como é né, aqui é tudo "legalizado").... mas funciona como se fosse orirrinal, entoces, esta bueno, muy bueno....